12.24.2008

Boas Festas!

Juntando o útil ao agradável, venho assim dar um pouco de uso a este blog e desejar a quem por aqui tropece um Bom Natal e um 2009 cheio de coisas boas.

5.14.2008

Quando a versão supera o original #2

Desta vez até eu estive indeciso. O original (de Elliott Smith) também é muito bom, mas continuo a preferir esta versão da Madeleine Peyroux. Acho que o facto de ela a cantar mais lentamente dá tempo para "entrar na música". O pequeno solo de piano está simples, bonito e remete-me (vá-se lá saber porquê) para uma imagem de uma cidade alta, suja e à chuva (imaginem o som da chuva por trás do solo de piano...).
Para ouvir bem alto.




Between the bars (Elliot Smith)

drink up, baby, stay up all night
the things you could do, you won't but you might
the potential you'll be, that you'll never see
the promises you'll only make

drink up with me now and forget all about the pressure of days
do what I say and I'll make you okay and drive them away
the images stuck in your head

people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still

drink up, baby, look at the stars
I'll kiss you again between the bars where I'm seeing you
there with your hands in the air, waiting to finally be caught

drink up one more time and I'll make you mine
keep you apart deep in my heart separate from the rest
where I like you the best and keep the things you forgot

the people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still

2.05.2008

O deserto

A viagem até ao deserto foi um pouco atribulada. A mota teimava em "babar" um bocadinho de óleo até que nos decidimos por pedir ajuda a um mecânico local, num sítio não sei aonde!!
O que é facto é que reparou a tampa do motor com a facilidade de um verdadeiro artesão (claro que o pagamento teve que ser bem regateado...).
Durante o caminho tivemos a hipótese de visitar as gargantas do rio Todra: verdadeiras muralhas de centenas de metros erguem-se para, de uma forma majestosa, abraçar o pequeno rio... a Natureza em toda a sua força!
Como já nos tínhamos atrasado e já ficava tarde decidimos rumar até ao nosso destino daquele dia: Erg Chebi!
Mais uma vez as nuvens ameaçavam em fazer-nos passar um mau bocado. A noite instalou-se com a rapidez habitual, a estrada não tinha qualquer iluminação e o céu iluminava-se intermitentemente com imponentes trovões... mas o calor continuava, abafado. Apesar de todo este cenário apenas caíram umas poucas, mas pesadas e gordas, gotas.
Por fim chegámos ao albergue. Após uns dois quilómetros em areia à porta do deserto fomos recebidos calorosamente, não só pelos nossos amigos que já lá estavam, mas também pelos nossos anfitriões que já tinham preparado um repasto à moda Berbere: num Bivouac.
Foi uma noite fantástica. Acabámos a beber chá (para variar) e a cantar (até deu para dar uns toquezinhos numa viola que por lá estava). Por fim adormecemos sob aquele céu imenso...
O acordar, no dia seguinte, foi uma surpresa. Pude ver, agora à luz do dia, todo aquele deserto que se desenhava por dunas de linha sensuais à nossa frente!!! Uma coisa é vê-las nos filmes e documentários outra é vê-las ao vivo!!!
A partir daqui foi o regresso pelo costa.
Pelo caminho parámos perto de uma escola e, rapidamente, os pequenotes rodearam as motas com a curiosidade típica. Tinha levado uns "souvenirs" (canetas e lápis com "Mickeys", porta chaves... enfim aquelas coisas que nos dão aqui aos montes e que não damos valor nenhum...) para tentar trocar por qualquer coisa, mas decidi dá-los. Haviam de ver a expressão na cara deles... quando a mais pequenita pegou no lápis da "Minie" parecia que tinha recebido a maior prenda do mundo... tive pena de não ter ali mais coisas para lhes dar....
A costa.... igual a todas as outras.
O regresso... calmo e desejado.
Fica a vontade de regressar qualquer dia.

1.05.2008

A rota do Inferno:

A saída de Marrakech foi calma, de manha não há muito transito.
A tirada de 400 kms que nos esperava iria ter um percurso alternativo “off-road” que prometia locais muito belos. Tivemos a oportunidade de passar o Atlas e visitar o Kasbah património da Unesco: Ait Ben Haddou.
A travessia do Atlas foi uma experiência única. Começamos a travessia com temperaturas a rondar os 24ºC e quando chegámos lá acima estavam cerca de 10ºC. A meio foi preciso parar para vestir o fato de chuva (sim porque até ela veio para nos brindar com as suas pingas grossas) e umas luvas mais quentinhas! Á medida que se sobe, a paisagem vai ficando cada vez mais bonita e a condução mais atenta. As curvas em ss apertados sucedem-se e os camiões, apesar de nos facilitarem sempre as ultrapassagens, pareciam que ocupavam quase toda a faixa de rodagem! Quando já estávamos a ficar mais à vontade com aquela condução apareceu-nos um camião tombado na berma a poucos centímetros de dar um grande trambolhão pela montanha abaixo, para nos relembrar da atenção que se deve ter naquelas estradas.
Para variar, sempre que parávamos apareciam, não sei de onde, os omnipresentes vendedores. Desta vez os ex-libris eram as pedras com cristais de muitas cores (umas verdadeiras e outras pintadas!).
Depois do Atlas veio o percurso alternativo... a pista que nos levaria até Ait Ben Haddou
Os primeiros quilómetros foram feitos sem problemas. Passámos por riades meios perdidos nas montanhas, casas feitas de palha e lama vermelha isoladas no meio da paisagem. O percurso foi-se tornando mais exigente, os buracos sucediam-se e a gravilha teimava em aparecer. Depois de um pequeno descanso veio o que foi baptizado de “A rota do Inferno”.
O piso transformou-se - terra com pedras grandes soltas, muito soltas. Apareceram-nos descidas com curvas em cotovelo. A comitiva foi-se atrasando e as pequenas quedas aparecendo e eu não fui excepção (felizmente a minha pendura tinha desmontado!).
Para ajudar à festa começou a chover e tudo piorou!
Aquele piso com água fica pior que manteiga! A lama agarra-se a tudo que é componentes da mota! As forças foram-se esgotando e o ânimo descia a pique. Valeu-nos a ajuda dos nossos companheiros mais experientes e a sempre presente entreajuda entre motociclistas e dos locais (conseguimos trazer uma mota que avariou, em cima de uma camioneta alugada no meio do nada!).
O que seria para ser feito em uma ou duas horitas demorou a tarde toda. Chegámos todos exaustos a Ait Ben Haddou e por ali ficámos depois de termos negociado um hotel em cima da hora. Afinal, disseram-me mais tarde, aquele percurso já foi um percurso do Paris-Dakar!! Bem me parecia.....( um brinde a todos os pilotos!!)
Honras feitas à minha namorada, caloira nestas andanças mas que manteve uma coragem inabalável (claro que á noite deu-me cabo da cabeça ehehehe).
No dia seguinte de manha enquanto uns visitavam o Kasbah outros arranjavam a mota avariada (consegui-se arranjar um soldador a troco de uns dirhams).
Ait Ben Haddou é preciosa. Aqui podemos absorver finalmente aquele Marrocos genuíno. Tivemos contacto com berberes e a sua cultura.

Mais tarde montámos e rumámos ao deserto...