1.05.2008

A rota do Inferno:

A saída de Marrakech foi calma, de manha não há muito transito.
A tirada de 400 kms que nos esperava iria ter um percurso alternativo “off-road” que prometia locais muito belos. Tivemos a oportunidade de passar o Atlas e visitar o Kasbah património da Unesco: Ait Ben Haddou.
A travessia do Atlas foi uma experiência única. Começamos a travessia com temperaturas a rondar os 24ºC e quando chegámos lá acima estavam cerca de 10ºC. A meio foi preciso parar para vestir o fato de chuva (sim porque até ela veio para nos brindar com as suas pingas grossas) e umas luvas mais quentinhas! Á medida que se sobe, a paisagem vai ficando cada vez mais bonita e a condução mais atenta. As curvas em ss apertados sucedem-se e os camiões, apesar de nos facilitarem sempre as ultrapassagens, pareciam que ocupavam quase toda a faixa de rodagem! Quando já estávamos a ficar mais à vontade com aquela condução apareceu-nos um camião tombado na berma a poucos centímetros de dar um grande trambolhão pela montanha abaixo, para nos relembrar da atenção que se deve ter naquelas estradas.
Para variar, sempre que parávamos apareciam, não sei de onde, os omnipresentes vendedores. Desta vez os ex-libris eram as pedras com cristais de muitas cores (umas verdadeiras e outras pintadas!).
Depois do Atlas veio o percurso alternativo... a pista que nos levaria até Ait Ben Haddou
Os primeiros quilómetros foram feitos sem problemas. Passámos por riades meios perdidos nas montanhas, casas feitas de palha e lama vermelha isoladas no meio da paisagem. O percurso foi-se tornando mais exigente, os buracos sucediam-se e a gravilha teimava em aparecer. Depois de um pequeno descanso veio o que foi baptizado de “A rota do Inferno”.
O piso transformou-se - terra com pedras grandes soltas, muito soltas. Apareceram-nos descidas com curvas em cotovelo. A comitiva foi-se atrasando e as pequenas quedas aparecendo e eu não fui excepção (felizmente a minha pendura tinha desmontado!).
Para ajudar à festa começou a chover e tudo piorou!
Aquele piso com água fica pior que manteiga! A lama agarra-se a tudo que é componentes da mota! As forças foram-se esgotando e o ânimo descia a pique. Valeu-nos a ajuda dos nossos companheiros mais experientes e a sempre presente entreajuda entre motociclistas e dos locais (conseguimos trazer uma mota que avariou, em cima de uma camioneta alugada no meio do nada!).
O que seria para ser feito em uma ou duas horitas demorou a tarde toda. Chegámos todos exaustos a Ait Ben Haddou e por ali ficámos depois de termos negociado um hotel em cima da hora. Afinal, disseram-me mais tarde, aquele percurso já foi um percurso do Paris-Dakar!! Bem me parecia.....( um brinde a todos os pilotos!!)
Honras feitas à minha namorada, caloira nestas andanças mas que manteve uma coragem inabalável (claro que á noite deu-me cabo da cabeça ehehehe).
No dia seguinte de manha enquanto uns visitavam o Kasbah outros arranjavam a mota avariada (consegui-se arranjar um soldador a troco de uns dirhams).
Ait Ben Haddou é preciosa. Aqui podemos absorver finalmente aquele Marrocos genuíno. Tivemos contacto com berberes e a sua cultura.

Mais tarde montámos e rumámos ao deserto...